quarta-feira, junho 22, 2005

Laramara e Supletivo

Segunda Feira desta semana, dia 20 de junho eu tive que apresentar um trabalho sobre o semestre de estágio participativo. Hoje, eu tive que apresentar o trabalho do Supletivo pois eu fui doida o suficiente para fazer dois, o que me rendeu até uma ida à diretoria, pq na verdade não é permitido.

Bem, eu escrevi uma reflexão pessoal pra entregar pra Gilda. Eu li ela pra Lúcia e ela chorou. Eu li alto para minha mãe e chorei. Quando levantei os olhos do papel minha mãe chorava também.
Eis o dito cujo:

Gente apaixonada pelo que faz

Marianna Ferraz Cunha

O estágio participativo que eu realizei no Laramara durante este semestre proporcionou para mim uma vivência única. Mas isso é obvio e desnecessário de afirmar.
No final do ano passado me perguntaram o que eu gostaria de fazer para a disciplina Ética e Cidadania. As opções eram: viagem para Amazônia ou Quilombo, pesquisa; ou estágio participativo em uma das 15 instituições do terceiro setor. Eu já havia feito quatro anos de alfabetização de crianças de baixa renda em outros projetos também coordenados pelo Santa, da 5a a 8a série, e escolhi, portando, estágio participativo já que era de meu grande interesse. Depois de uma aula em que a Profa. Gilda, a Profa. Kátia e a Bia nos apresentaram as instituições decidi optar pelo estágio no Laramara – Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual.
O Laramara é uma associação completa. Além de todos os atendimentos, psicológicos, pedagógicos, médicos, serviço social, o Laramara conta com uma fábrica de artigos que auxiliam o dia-a-dia do deficiente visual. O meu espanto ao entrar por aquelas portas era indescritível. O prédio é excepcional; sempre limpíssimo, tudo projetado para ajudar as pessoas com qualquer tipo de deficiência visual.
Seria difícil de transcrever apenas para uma folha de papel tudo que eu aprendi no Laramara. Foi muito mais do que eles se propuseram a me ensinar. Eu entrei em contato, não somente com pessoas de classes sociais diferentes, não somente com pessoas de bairros diferentes, em entrei em contato com seres-humanos diferentes. As pessoas que eu conheci não viam a vida do mesmo modo que eu. Eu aprendi a entende-las e, felizmente, soube absorver muito mais do que simplesmente eles tinham para me falar.
Os deficientes visuais enxergam o mundo sem precisar vê-lo. Acho que isso foi uma das melhores coisas que eu pude aprender. O semestre significou para mim muito mais do que as idas ao Laramara. Quando eu saía de lá meus colegas e eu íamos de metrô até nossas casas. Antes do Laramara eu tinha entrado em um transporte público exatamente três vezes. Infelizmente a realidade de muitos alunos do Santa é essa. Nós vivemos em uma bolha. O Laramara me mostrou o mundo fora da minha bolha, por mais clichê que isso possa parecer. O Laramara me mudou espiritualmente e mentalmente. E levarei comigo para o resto da minha vida todas as experiências que eu tive com todas as pessoas extremamente competentes e atenciosas que conheci por lá.
Queria, por fim, agradecer a todos que tornaram isso possível para mim. Obrigado Gilda, obrigado Colégio Santa Cruz e todos os que pensaram nisso, obrigado Betânia, Lucas e Marina que pegavam o metrô comigo, obrigado Lúcia, minha motorista que me leva do metrô até em casa, obrigado todos no Laramara."

Hoje eu me senti muito adulta. Fui na Fnac, comprei umas revistas e tomei um lanche lá. Sozinha. Tipo, normal, só que eu abri minha agenda e fiquei lá escrevendo e tomando meu café e um sentimento tão "de adulta" me invadiu....foi até engraçado. O café tava uma delícia e os pães de queijo também.

4 comentários:

Anônimo disse...

gostei muito do texto... tem uma parte que me lembra a viagem à amazônia e me deixaram com saudades... concordo com o que vc diz e algumas partes me deixam triste...

quanto ao final do post, acho q vc eh a mina mais adulta q eu conheço kiki =P hehe
bjos

Ozzer Seimsisk disse...

Com certeza... Pode parecer bobagem, mas é uma sensação incrível quando fazemos algo independentemente de todos assim, como pegar um metrô sozinha, andar na rua e lanchar quando quiser, etc.

Kiki, tô morrendo de saudades de você, você é o máximo! *lembrança de kiki feliz qdo alfabetizou as crianças da ação* ! Vamos sair qualquer dia, a gente pode dar uma volta de bike, sei lá... (invadir a casa de algum amigo, huahahah...^^)

beijão

Anônimo disse...

êh, laiá!

e semestre que vem -- folga? nããão. super Kiki não pára quieta.

quanto a ela ser a menina mais adulta que você conhece, Franco: decerto ela é a mais responsável, a mais independente, a mais capaz. o problema é que a Kiki não sabe se respeitar, ela passa do limite com muitas coisas (treinos, atividades, ...) e acaba se machucando, fisica e mentalmente. falta nela isso: aprender a respeitar os próprios limites.

Kiki disse...

Como acontece geralmente com pessoas que nos conhecem a mais de 14 anos, Bruninho está corretíssimo. Vou me esforçar, tá?